"Atos humanos",
de Han Kang
Vencedora do PRÊMIO NOBEL DE LITERATURA 2024
Em maio de 1980, na cidade sul-coreana Gwangju, o exército reprimiu um levante estudantil, causando milhares de mortes. O evento de trágicas consequências foi transfigurado nesta ficção extraordinária, poética, violenta e repleta de humanidade. Construindo um mosaico de vozes e pontos de vista daqueles que foram afetados, Atos humanos é a demonstração dos poderosos recursos literários de Han Kang, uma das autoras mais importantes da cena contemporânea.


"Amanhecer na colheita",
de Suzanne Collins
Quando você está fadado a perder tudo que ama, pelo que ainda vale a pena lutar?
Ao amanhecer do dia da colheita da Quinquagésima Edição dos Jogos Vorazes, o medo toma conta dos distritos de Panem. Nesse ano, em comemoração ao Massacre Quaternário, o dobro de tributos será levado de suas casas.
No Distrito 12, Haymitch Abernathy está tentando não pensar muito nas suas chances de ser sorteado – só quer sobreviver ao dia e passar um tempo com a garota que ama.
Mas, ao ser escolhido, todos os sonhos de Haymitch desmoronam. Ele é separado da família e da namorada e enviado para a Capital com outros três tributos do Distrito 12: uma menina que considera quase uma irmã, um rapaz viciado em calcular chances e apostas, e a garota mais arrogante da cidade.
Conforme os Jogos se aproximam, Haymitch compreende que está tudo armado para o seu fracasso, mas parte dele deseja lutar... e deseja também que essa luta reverbere muito além da arena mortal.
"De onde eles vêm", de Jeferson Tenório
Após episódios de censura e duzentas mil cópias vendidas de O avesso da pele , o novo romance do autor vencedor do prêmio Jabuti. Com a lei de cotas raciais como tema, uma história sobre preconceito e luta, exclusão e sonho.
De onde eles vêm tem como pano de fundo o ingresso dos primeiros cotistas na universidade brasileira. Na história, que se passa em Porto Alegre, por volta dos anos 2000, acompanhamos o despertar racial do narrador, Joaquim, em meio a um ambiente hostil.
Órfão, tendo que cuidar da avó doente, desempregado e sem dinheiro, Joaquim busca a todo custo manter seu amor pelos livros e pela literatura. Romance de formação de um leitor, este é o retrato de uma jornada feita de obstáculos num momento em que políticas para amenizar desigualdades eram vistas como problema, não como possibilidade de solução.


"Mrs. Dalloway", de Virginia Woolf
Enquanto Clarissa Dalloway caminha pelas ruas de Londres em direção à floricultura mais próxima, Septimus Warren Smith é levado, a contragosto, para seu passeio diário. De um lado, acompanhamos os agitados preparativos para uma festa que se aproxima; de outro, o choque após as experiências na Guerra. À primeira vista, o passeio dos personagens pela cidade parece construir um enredo simples, mas não é preciso muito para cairmos em um intrincado mosaico que equilibra, em dois extremos, vida e morte, passado e presente, fantasia e realidade. Considerada uma das obras pioneiras no uso de fluxo de consciência, Mrs. Dalloway nos mostra como um dia aparentemente comum pode ser levado às máximas – e últimas – consequências.
"A Letra Escarlate", de Nathaniel Hawthorne
Uma história de dor e fragilidade humanas, vivida pela primeira grande heroína da literatura norte-americana
Pecado aos olhos de Deus, crime aos olhos dos homens – assim dita a moral puritana que domina a América do século XVII. Em uma sociedade que policia o corpo das mulheres, o adultério é o pecado capital – e Hester Prynne, ao engravidar de um homem que não é o seu marido, é condenada a uma pena perpétua: levar no peito um grande "A" escarlate como símbolo de sua vergonha.
Neto dos homens que queimaram bruxas nas piras de Salem, Nathaniel Hawthorne escreve um romance que o distancia dessa herança maldita. Sua personagem Hester Prynne é adúltera e profundamente humana – e, diferente de outras adúlteras da literatura, como Emma Bovary e Anna Kariênina, não se deixa consumir pelo sentimento de culpa e humilhação. Trazendo à tona questões essenciais como justiça, condenação, maternidade e poder do próprio corpo, A letra escarlate oferece uma poderosa reflexão sobre a natureza condenatória e hipócrita da sociedade, sobretudo com as mulheres.


"O retrato de Dorian Gray", de Oscar Wilde
Até onde você iria em troca da juventude eterna? Rico, jovem e extremamente atraente, Dorian Gray está no auge de sua vida. Mas quando torna-se inspiração para o pintor Basil Hallward a ponto de ganhar dele um retrato, algo imediatamente se transforma: perturbado pela consciência do envelhecimento, faz uma espécie de barganha para que a pintura carregue o peso da idade enquanto sua própria juventude se mantenha preservada. Entregue à liberdade do prazer e da satisfação de todos os seus desejos, Dorian Gray passa a viver uma vida secreta. Embora aos olhos do conservadorismo inglês seja visto como um homem de moral intocada, no submundo londrino deixa-se levar por um hedonismo extremo, envolvido em relações violentas e com um distorcido senso de ética que degradam apenas o retrato. Polêmico, O retrato de Dorian Gray carrega não somente a análise de uma época, mas também uma profunda crítica à sociedade, ao moralismo vitoriano e, sobretudo, ao desejo de uma juventude permanente. É a história de uma vida dupla marcada tanto pela culpa quanto pelo prazer.
"Memórias Póstumas de Brás Cubas", de Machado de Assis
Brás Cubas está morto. Mas isso não o impede de relatar em seu livro os acontecimentos de sua existência e de sua grande ideia fixa: lançar o Emplasto Brás Cubas. Deus te livre, leitor, de uma ideia fixa. O medicamento anti-hipocondríaco torna-se o estopim de uma série de lembranças, reminiscências e digressões da vida do defunto autor.
Publicado em 1881, escrito com a pena da galhofa e a tinta da melancolia, Memórias Póstumas de Brás Cubas é, possivelmente, o mais importante romance brasileiro de todos os tempos. Inovador, irônico, rebelde, toca no que há de mais profundo no ser humano. Mas vale avisar: há na alma desse livro, por mais risonho que pareça, um sentimento amargo e áspero.


"Palestina", de Joe Sacco
Marco na história das narrativas gráficas, Palestina, de Joe Sacco, é o livro que redefiniu as bases do gênero “jornalismo em quadrinhos”. Publicado originalmente em nove gibis, entre 1993 e 1995, a HQ ganhou uma edição completa em 1996, e ganhou alguns dos mais importantes prêmios tanto dos quadrinhos quanto do mundo literário, como o American Book Award. É já um clássico e está entre as principais histórias em quadrinhos dos últimos 50 anos.
O livro é fruto de uma extensa pesquisa e mais de 100 entrevistas com palestinos e judeus, realizadas no início dos anos 1990, durante diversas visitas à região da Faixa de Gaza e Cisjordânia. Com uma narrativa dinâmica e um talento para reproduzir os diálogos, Sacco apresenta um testemunho humano comovente, mas também um panorama histórico do conflito que continua fazendo inúmeras vítimas.
"Foi acabar bem na nossa vez", de Mariana Brecht
Maria Clara é uma jovem designer de jogos que, em meio ao colapso climático, se vê obrigada a voltar à cidade do interior onde cresceu. Na Pedreira, a única maneira de enfrentar a crise é tentando reparar uma comunidade esgarçada pela diferença de classes e pela especulação capitalista. É nesse lugar, assombrado por memórias de um luto que Maria Clara ainda não superou, que ela reencontra um antigo amor.
Há anos Antônio dedica todos os seus esforços à terra, que responde com cada vez mais escassez. Além disso, paira sobre ele, tão escaldante quanto os raios ultravioleta, a ameaça de ser expulso das terras ocupadas por sua família. Para Antônio, no entanto, o calor, o chão e o medo são constantes ― o oposto do amor de Maria Clara.


"Olhos D' Água",
de Conceição Evaristo
Em Olhos d’água Conceição Evaristo ajusta o foco de seu interesse na população afro-brasileira abordando, sem meias palavras, a pobreza e a violência urbana que a acometem. Sem sentimentalismos, mas sempre incorporando a tessitura poética à ficção, seus contos apresentam uma significativa galeria de mulheres: Ana Davenga, a mendiga Duzu-Querença, Natalina, Luamanda, Cida, a menina Zaíta. Ou serão todas a mesma mulher, captada e recriada no caleidoscópio da literatura em variados instantâneos da vida? Elas diferem em idade e em conjunturas de experiências, mas compartilham da mesma vida de ferro, equilibrando-se na “frágil vara” que, lemos no conto “O Cooper de Cida”, é a “corda bamba do tempo”. Em Olhos d’água estão presentes mães, muitas mães. E também filhas, avós, amantes, homens e mulheres – todos evocados em seus vínculos e dilemas sociais, sexuais, existenciais, numa pluralidade e vulnerabilidade que constituem a humana condição. Sem quaisquer idealizações, são aqui recriadas com firmeza e talento as duras condições enfrentadas pela comunidade afro-brasileira.